quarta-feira, 18 de julho de 2012

Real imaginário.

Interrompemos nossa programação para um informe extraordinário:

Este blog não é fruto da minha imaginação.
Todos os seus posts são fruto de memória interna e externa da maternidade que vos fala e alheia - Inclusive, seus relatos são ouro pro meu coração e os recebo de mãos em conchinha, pra que não caiam por aí.
Todos os fatos relatados são hipoteticamente verdadeiros ou não, cabendo a você, querido leitor, querer se identificar com eles ou não, sorrindo ou não.
Ele não segue o modelo querido diário - lê-se: você não encontrará detalhes sórdidos da minha intimidade.
E eu ainda não me apresentei:

Tenho um menino. Um não, o meu.
Tenho um novo coração que cresceu em mim que bate acelerado até quando está dormindo e mais ainda quando ele está dormindo. Eu o amo mais quando está dormindo, se isso for possível.
Tenho vinte e poucos anos e somei uns quinze virando mãe solteira no auge da juventude carioca.
Tenho uma ótima relação com o pai do meu filho, aquele outro jovem que não somou os mesmos quinze anos mas que me deu a mão nessa estrada esburacada  cor de azul do céu que leva até o coração do pequeno. E tenho amor imenso por esses dois juntos.
Tenho amigos e uma família incrível, uma mãe incrível, um pai incrível, que viraram avós mais incríveis ainda.

São meus detalhes divididos.

Agora, seguindo com mais um pouquinho de intimidade colorida, daquelas divertidas que podem se espalhar por aí:

Tenho também um marido.
Mas ele é nômade. Ele não mora comigo. Ele não mora.
Se encosta onde bem quiser, e escolhe se encostar na minha esquina de vez em quando.
Ele usa peruca branca de cabelos cacheados na altura do ombro, e uma camisa preta onde o Pink e o Cérebro planejam dominar o mundo. Ele, trata de dominar sua esquina.
O dono do churrasquinho, elegeu como pai.
Ô pai! - grita ele.
Como deve ter perdido o seu nessas divididas de vida, tratou de escolher outro.
E eu, virei sua branquinha.
"Ô minha branquinha!". Ele é preto.

Tudo começou quando voltava de um passeio com o filhote no carrinho, e ele me parou pra mostrar uma foto de um menino de uns 3 anos em alguma campanha publicitária de bebê em revista, na página que ele havia arrancado e guardado só pra mim.
Disse: Olha, igualzinho a ela (o meu menino não tinha nem um ano).
Aham, com um sorrisinho respondi.
E morri de rir por dentro, numa alegria boa.

Dia seguinte, outro tempo, mesma esquina onde passo:
- Demorou pra descer hoje, meu amor! Tenho um presente pra ela, mas na volta eu entrego.
Fiquei curiosa, mas na volta, ele já tinha partido.
Nos deixou.

Até hoje não sei o que era. O carrinho dele guardava tantas coisas..
Minha lembrança arquivou a peruca, e um coração de pelúcia, que adoça a vida de viver tendo que escolher sempre novos parentes. 

E ele vem com a chuva.
Se esquece do presente.
Mas ainda me chama de branquinha quando passo com meu menino, a menina dele.


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